Senador Demóstenes Torres tá mais enrolado do que carretel |
Goiânia é dessas capitais com cara de cidade do interior. Não é pra menos. As pessoas lá gostam de ser caipiras, têm um certo orgulho disso e o expõe por meio do sotaque arrastado e cheio de erres e também na preferência pelas caminhonetes e a música sertaneja. Ah, e bebem direitinho, também. Resumindo: Goiânia é pura curtição.
Naite em Goiânia: várias gatas e bares de primeiríssima qualidade Dificilmente ouvimos falar muito de Goiás no noticiário nacional. Nas últimas semanas, porém, é o que mais acontece. De repente, o Brasil descobriu Goiás e viu que lá existe mais do que somente gado, pequi e (MUITA) mulher bonita. De uma hora pra outra, descobrimos que parte de Goiás uma rede de crimes monstruosa, que envolve desde o maior bicheiro local até políticos dos mais altos escalões. Envolve ainda delegados e agentes da polícia federal, grandes empresários e até a imprensa. A coisa mais parecida com o que se vê nos filmes sobre máfia, como em "O Poderoso Chefão" e "Os Intocáveis", a ser descoberta no Brasil, vejam só, vem de Goiás, esse estado tão negligenciado por todos nós. |
Carlinhos "Corleone" Cachoeira, o capo di tutti capi da Chicago brasileira Estar fora do foco por tanto tempo talvez tenha colaborado pra que um cara como o Cachoeira pudesse construir uma organização com ramificações tão poderosas. Ali, na calada, sem ser incomodado, foi montando uma rede de influência incrível, a qual manipulava da forma como bem entendia, confundindo a polícia, aprovando projetos de seu interesse na Câmara e no Senado e até mesmo transformando fofoca em capa de revistas importantes e crises nos mais altos escalões de Brasília. E tudo isso enquanto ainda se ocupava de lavar dinheiro, fraudar licitações, bancar e coordenar campanhas eleitorais, ser um dos maiores contraventores do país e torcer pro Botafogo. Não deve ser fácil. |
Até entrar no olho do furacão, Goiás era só tranqüilidade e sossego |
É claro que Goiás não se orgulha da forma como passou a ser presença diária no noticiário. Tenho certeza de que o pessoal de lá preferia ficar como estava: quietinho no seu canto e trabalhando honestamente, que é o que a imensa maioria faz. Só que as coisas nem sempre são como a gente quer. De tempos em tempos, entramos numa fase mais complicada, o que muitos acreditam ser um inferno astral. Nesse período, dá tudo errado, mesmo. Me parece que é isso que acontece com Goiás, agora.
Quando imaginávamos já termos visto tudo, 7 pessoas são degoladas em uma fezenda no interior do estado. Não bastasse isso, suspeitos do crime são detidos no funeral das vítimas. Quando finalmente se chega ao autor da chacina, ele morre junto com 7 policiais num acidente de helicóptero.
Aparecido de Souza Alves, principal suspeito da chacina de Doverlândia, morto com mais 7 policias na queda do helicóptero |
Mas não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe, não é o que dizem? Logo logo essa fase passa e os goianos vão poder viver de novo do jeito que mais gostam. Até lá, o negócio é ter paciência. Uma reza forte, uma boa oração ou mesmo um banho de sal grosso também são bastante recomendáveis nessas horas. Não custa nada dar uma apeladinha pro oculto. Só não pode é apelar pra despacho em cachoeira. Pra isso, sim, o momento não é nada apropriado.